Cisto Dentígero Resumão - Características e Tratamento

Cisto Dentígero - Generalidades

O Cisto Dentígero é uma patologia que envolve a coroa de um dente impactado e se conecta ao dente pela junção amelocementária.

De acordo com Neville (3ª ed.), a patogênese deste cisto é incerta, no entanto, ele parece se desenvolver pelo acúmulo de fluido entre o epitélio reduzido do esmalte e a coroa dental.

Vale lembrar que o Cisto Dentígero é o cisto odontogênico de desenvolvimento mais comum de todos e que o cisto odontogênico mais comum é o Cisto Periapical (Radicular), no entanto, esta lesão é classificada como um cisto odontogênico inflamatório.

Sempre tenha estas informações em mente, pois elas são cobradas com frequência em provas de concurso público de odontologia.

Cisto Dentígero - Características Clínicas

O Cisto Dentígero pode acometer pacientes de praticamente qualquer idade, no entanto, a sua frequência é maior entre os 10 e 30 anos. Há uma leve predileção pelo sexo masculino e maior prevalência em brancos do que em negros.

Os dentes mais associados ao Cisto Dentígero são os terceiros molares inferiores, seguidos pelos caninos, terceiros molares superiores e segundos pré-molares inferiores. Em alguns casos, a lesão pode estar associada a Odontomas ou dentes supranumerários. Dentes decíduos raramente são acometidos.

Cistos Dentígeros pequenos costumam ser assintomáticos e são diagnosticados em radiografias de rotina, ou que são feitas para avaliação de porque um dente não erupciona. Contudo, lesões maiores podem causar expansão óssea indolor.

De acordo com Neville (3ª ed.), Cistos Dentígeros de grandes são incomuns, e a maioria das lesões consideradas como grandes Cistos Dentígeros ao exame radiográfico se revelam como Ceratocistos Odontogênicos ou Ameloblastomas.

Dor e edema geralmente estão presentes quando a lesão é associada à infecção. Um quadro infeccioso pode se desenvolver em um dente parcialmente erupcionado ou por extensão de uma lesão periapical ou periodontal que afeta um elemento adjacente.

Cisto Dentígero após enucleação e remoção do dente acometido

Cisto Dentígero - Características Radiográficas

Radiograficamente, o Cisto Dentígero se manifesta como uma lesão radiolúcida, unilocular, com margens bem definidas (apenas cistos infectados tem as margens mal definidas) e frequentemente escleróticas. A lesão é associada à coroa de um dente incluso.

Trabéculas ósseas pode ser visualizadas no interior de Cistos Dentígeros maiores, o que passa a impressão de um processo multilocular, no entanto, o aspecto macroscópico e histológico da lesão é de um processo unilocular e, por isso, estas lesões não são caracterizadas como processos multiloculares verdadeiros.

Além do relatado acima, outro ponto importante é que, radiograficamente, de acordo com a relação cisto-coroa, o Cisto Dentígero pode ter três variações:

• Central

• Lateral

• Circunferencial

A variação central é a mais comum, visto que nela, o cisto envolve totalmente a coroa. Já na variação lateral, o cisto cresce lateralmente na superfície radicular e envolve parcialmente a coroa e, na variação circunferencial, o cisto circunda a coroa e parte da raiz.

Cisto Dentígero - Histologia

As características histológicas do Cisto Dentígero dependem se o cisto está inflamado ou não.

Cisto Dentígero "Comum"/Sem Inflamação: Possui cápsula de tecido conjuntivo frouxo, a qual contém quantidades consideráveis de substância fundamental amorfa. Pequenas ilhas e cordões de restos epiteliais inativos podem ser encontrados na cápsula fibrosa. O revestimento epitelial possui de duas a quatro camadas de células achatadas não ceratinizadas e a interface entre epitélio e conjuntivo é plana.

Cisto Dentígero Inflamado: Possui cápsula fibrosa mais colagenizada, com infiltrado inflamatório crônico. O revestimento epitelial pode ter quantidades variáveis de hiperplasia, com o desenvolvimento de cristas epiteliais e características escamosas mais definidas (células mais planas). Células mucosas podem ser visualizadas no epitélio, que em algumas ocasiões, pode ser ceratinizado. Além de tudo isso, células cilíndricas ciliadas também podem estar presentes no epitélio e pequenos ninhos de células sebáceas podem fazer parte da parede cística.

Corte histológico Cisto Dentígero não inflamado

Os "círculos brancos" no tecido epitelial são as células mucosas

Cisto Dentígero - Tratamento

O tratamento padrão para o Cisto Dentígero envolve a enucleação da lesão com remoção do dente envolvido. Se a erupção do dente for considerada uma possibilidade, apenas parte da cápsula cística é removida e o dente é mantido.

Lesões muito extensas podem ser tratadas através de marsupialização, que causa uma descompressão do cisto, o qual pode ser removido posteriormente com uma cirurgia menos invasiva.

O prognóstico é bom e recidivas são raras.

Variante central

Variante lateral do Cisto Dentígero